quarta-feira, 8 de julho de 2015

E o Facebook se fez em cores.. Porquê?

Bem, antes de mais nada quero deixa claro que minha liberdade não pode feriar a liberdade do meu próximo, seja lá quem for. Isso  acaba ferindo direitos de outros.
Tenho minha liberdade de expressão, respeito todos os tipos de pessoas, credo, raça, opção sexual, religião. Porem não posso me calar quando pessoas intelectuais ataquem aquilo que para mim e mais sagrado, esquecendo que por um período negro da historia deste mundo as "Santas Escrituras" foi tirada e banida das mãos dos cristãos, apenas para usar de força e de poder masterizando todos aqueles que tinham sua fé em Cristo Jesus.
Veja essa reportagem:

Em coautoria com Débora Spagnol e Rideko Suzuki

É a base da nossa formatação mental, constitui a nossa civilização. Se nós quisermos entender a nós mesmos, não há como não ler a Bíblia. Bem procuradas, encontram-se algumas pregações legais perdidas num que noutro lugar. No geral, contudo, seus livros são uma narrativa de ódio, vingança, assassinato, guerra, machismo, preconceito, escravidão, ameaça. Prega o que há de feio e de pior. Os crentes deveriam lê-la e, se a entenderem, se arrepender.
O sistema de poder cujo discurso de fundo é a Bíblia foi instituído por Constantino no início do Século IV e reinou absoluto até o fim do Século XVIII. São mil e quinhentos anos sem nenhuma alternativa a um único indivíduo do Ocidente. Ou se professava sua fé católica e se levava a vida nos seus estritos termos, ou se morria. Os católicos matavam os seus dissidentes de forma horrenda: queimando-os, afogando-os, arrancando-lhes a pelé.
O controle do mundo e da forma de pensar das pessoas meio que deixou a História em suspenso. Nada de ciência, de pesquisa, de tecnologia. Tudo se resumia a erguer catedrais e fazer guerras santas. Com o Renascimento, o Iluminismo, a Revolução Inglesa, a Revolução Americana, a Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte, o retorno ao pensamento grego, o desabrochar da indústria, o mundo voltou a ter movimento, a se fazer mais e melhor.
O modo de pensar religioso subsiste, conseguiu sobreviver à Revolução Francesa. O Iluminismo jamais alcançou suficientemente a Península Ibérica. Ainda temos muito da Espanha e do Portugal medieval. O medievo ainda está nas escolas, na cabeça das professoras, nas famílias tradicionais. A educação formal embute o modo católico de pensar. E os religiosos sabem que devem espraiar-se pela mídia. E estão nela. Mas não são os donos dela.
A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu derrubar os vetos contrários ao casamento gay mantidos por 14 de seus estados federados. A fundamentação (lavra do juiz Anthony Kennedy) está no princípio da dignidade pessoal (14ª Emenda): o Estado não pode “privar qualquer pessoa da vida, liberdade ou propriedade, sem o devido processo legal”. Nos EUA, proteger o indivíduo da invasão estatal é apanágio do seu way of life.
Tanto é assim que a decisão já adianta o reconhecimento de que com base na liberdade religiosa (1ª Emenda) os crentes poderão continuar a se opor ao decidido, sendo o debate permitido. Talvez isso prolongue um pouco a questão. Alguns estados divulgaram comunicado denunciando a decisão suprema, prometendo proteger a religião: liberaram seus tabeliães da obrigação de realizar os atos formais do enlace, se isso contrariar sua fé.
Creio que lá, como aqui, o tabelionato seja serviço de interesse público. Todo tabelião terá de cumprir a tarefa de casar quem aposta na formalização da vida amorosa como maneira de garantir a felicidade. Seja, na prática, pode-se continuar a falar mal dosgays, mas não se pode fazer obstáculo à sua pretensão de igualdade casamenteira. Sai a sacralidade da união entre homem e mulher, entra a legalidade contratual da convivência entre pessoas.
Mas a causa ideológica de fundo perdurará. O cristianismo ainda faz as consciências. Seu manual de vida odeia gays: Trago alguns versículos sobre homossexualismo: “Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante” (Levítico, 18:22); “Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão de ser executados, pois merecem a morte” (Levítico 20:13).
Para o “divino”, gay não presta: “Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens [...] cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis” (Romanos 1:21-31).
O Facebook amanheceu colorido. São luzes solidárias sobre a herança intolerante das trevas medievais. A suavidade da cor nas fotos contribui para a melhor aceitação de novos grupos e suas peculiaridades no convívio social. O YouTube se coloriu. The White House, o Palácio do Planalto, o Conselho Nacional de Justiça estão em cores. Amigos meus também. Eu me faço colorido por toda causa de liberdade: que cada qual viva como quiser. Amém.
Léo Rosa
Doutor e Mestre em Direito pela UFSC. Especialista em Administração de Empresas e em Economia. Professor da Unisul. Advogado, Psicólogo e Jornalista.

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